Sawabona e Shikoba
Todo final de ano, especialmente no Natal, como é de praxe, as pessoas tendem a ficar mais boazinhas ou, pelo menos, serem mais solidárias para, quem sabe, o bom velhinho esqueça todas aquelas mazelas feitas durante o ano e os presenteie com a realização de todos os objetivos para ano que chegará. É... todos nós temos objetivos, sonhos, acreditamos em algo ou em alguém. Mas também desprezamos os sonhos de outras pessoas, os objetivos alheios, desacreditamos de todos ou de quase todos e, além disso, achamos que o bom velhinho poderá perdoar nosso mal. O problema maior e mais difícil está em perdoarmos aquilo de mau que nos fizeram. Em todas as religiões Cristãs, a data Natalina significa o nascimento daquele que veio para fazer mudanças... Daquele menino que cresceu e se tornando homem dignificou sua presença entre os pobres mortais desprezando as diferenças. As "diferenças" representam, em sua maioria, o desamor. As diferenças de credo, de cor, de time de futebol, de estilista, de profissão, de mulheres, de maridos, de religião, de doutrinas, de partidos, de cultura, de pensamento, de anseios e, com toda certeza, dos objetivos de cada ser humano. Se formos indiferentes a qualquer coisa, é porque não gostamos daquilo. Se não gostamos de algo, devemos perguntar a nossa consciência o porque disso. Aquele que desprezou as diferenças abraçou a todos: bons e maus... ricos e pobres... pretos e brancos... deficientes físicos ou normais... prostitutas e donzelas... reis e rainhas, a plebe e o monarca... Ele não deu vazão a nenhum sentimento separatista. As separações geram diferenças e as diferenças geram, repito, desamor. Então, se você se acha bonzinho demais, interessado demais em sua vida profissional, preocupado demais com o seu próximo, presente pessoalmente ou em pensamento em algum lugar que necessite de você, tudo bem. Quando buscamos os defeitos dos outros e não aparamos nossas arestas, a fim de nos qualificarmos como pessoa, de nada adianta nosso esforço anual em fazer algo de bom para alguém. Nosso compromisso com nossa consciência e com o nosso dever nos remete a responsabilidades inerentes ao espírito eterno que nos foi dado por DEUS. Quem sou eu para apontar o dedo em direção a alguém e dizer o que essa pessoa deve fazer ? Nada, eu sei! Mas não me custa passar para frente às reflexões que faço e que me conduzem a um caminho melhor, ainda que eu esteja pisando nos buracos que eu mesma criei com o peso de min'alma maculada. Sejamos livres, sejamos honestos, sejamos puros de coração; Saibamos perdoar e ofender menos; Que nossas angústias não se transformem em doenças somatizadas por nosso pensamento negativo; Que nossas dores não se espalhem, fazendo doer o coração de nosso igual; Que sejamos profissionais competentes, discretos, objetivos, responsáveis, amigos, éticos e, acima de tudo, honestos. Uma das mensagens que recebi durante o ano de 2007, a que mais me tocou foi o texto do Dr. Flávio Gikovate um Médico Psicanalista. Em todo texto há um chamado para o "ser pessoa" de cada um. É preciso acordar para a realidade que nos ronda e tudo que fazemos para dificultar nossa vida e a dos outros. Como diz o Dr. Flávio Gikovate, o egoísta é um ser que não tem luz própria. Ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral. Eu concordo com ele, mas completo dizendo que egoísmo, hipocrisia e inveja são os piores sentimentos que alguém pode ter. A esse tipo de "gente" eu prefiro retirar o substantivo pessoa. Considero pessoa um ser de bem e que de preferência seja claro e cristalino... Autêntico! Mas seguindo o texto do Dr. Gikovate, inteligente e eficaz, há uma frase que diz: "Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal". Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro. Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um. É tempo e hora de sabermos que não somos únicos; Que o mundo não gira em torno do nosso umbigo; Que podemos ser bons, mas existem pessoas melhores; Que a vida é única e, portanto, cabe a todos nós respeitá-la. É bom lembrar que me refiro à vida de todo mundo, não apenas a nossa. Por isso, também no texto do psicanalista, temos: "O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. ·Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado". Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo. Caso tenha ficado curioso (a) em saber o significado de SAWABONA, é um cumprimento usado no sul da África e quer dizer: "Eu te respeito, eu te Valorizo... Você é importante pra mim". Em resposta, as pessoas dizem SHIKOBA, que é: "Então eu existo pra você". Desejo a todos vocês, a partir de agora, que possamos existir uns para os outros, sem diferenças, sem rancores, sem despeito, sem desrespeito, sem rivalidades, sem soberba... Eu quero que vocês existam para mim e eu exista para vocês, sem esquecer de: "SAWABONA" (Eu te respeito, eu te Valorizo... Você é importante pra mim). Viva todos os povos da terra! Feliz Natal e Feliz Ano Nôvo MEG KLOPPER
Enviado por MEG KLOPPER em 24/12/2007
Alterado em 24/12/2007 |