Ave Maria

Todos os dias é a mesma coisa. Acordo, tomo vitamina de frutas, depois café e o dia começa. Um afazer aqui, outro ali, janelas abertas para circular o ar, uma olhada nas mensagens do Whatsapp, Facebook e Instagram e tudo, graças a Deus, segue em paz.
Sigo com a rotina, com a administração das diversas contas, com meus planos para pedir a revisão de minha aposentadoria que tenho direito enfim, supermercado, hortifrute, limpa aqui, limpa ali, desinfeta aqui e ali e o alívio por ter forças para o trabalho doméstico que é chato pra caramba! Rsrs
Não gosto mesmo dos afazeres domésticos. Minha vida toda eu trabalhei fora, mas sei fazer tudo em minha casa, graças a Deus e a minha mãe que me ensinou. Mas faço questão de manter meu perfeccionismo e o meu prazer em ver tudo em seus devidos lugares.
A tarde, aguardo a hora da Ave Maria para rezar o terço. Isso é praxe aqui em casa. No entanto, nesse período de isolamento, ultra necessário, somos agraciados por um vizinho tenor que todos os dias canta a Ave Maria de Schubert. Os sinos da igreja Porciúncula de Santana enchem o ar com aquele som mágico, lindo e perfeito anunciando a hora grandiosa. As luzes começam a se acender e todos ficam a ouvir o tenor, com linda voz, de um lugar muito próximo, mas que ainda não consegui identificar.
Começo a rezar o meu terço e no final do 1° mistério ouço uma platéia viva, encantada e anônima em suas casas aplaudindo e prestigiando o espetáculo deste senhor que, com toda certeza, está recebendo as bênçãos da Mãe do Céu que fica feliz com toda essa demonstração de amor, carinho e fé.
Terminado o terço, olho para o céu e vejo o tapete de estrelas que o Criador acabara de estender. É um belo cenário da natureza.
Assim é o meu bairro e assim é essa minha vidinha rica de emoções e de amor pelos meus semelhantes, mesmo os que não se juntam comigo para saldar a Mãe de Jesus.
Boa noite, amigos.
Salve Maria!