DIÁLOGO ENTRE MEG E UM MESTRE
MESTRE:
- Querida, Meg, você está com problemas?
MEG:
- Claro que estou! Não vê meu comportamento depressivo, minha alegria que se foi?
Não está percebendo que quase não sorrio mais e o sorriso era uma marca presente em minha vida?
O Senhor me conhece bem e sabe o quanto dói estar acompanhada sozinha e, ao mesmo tempo, viçosa sem vida ou jovem e encurvada como uma anciã que sente nas costas o peso do tempo.
MESTRE:
- Então vá a rua e pegue uma pedra.
MEG:
- Por que eu deveria pegar uma pedra dura, sem vida, sem cheiro, sem sabor, sem viço? Por que apanhar algo que não me diz nada?
MESTRE:
- Meg, no que você crê? O que a vida representa para você e o que você deseja dela?
MEG:
- Boas perguntas, Mestre, mas creio que minhas respostas podem não satisfazer ao seu questionamento.
MESTRE:
- Isso já é mais um problema que você tem, MEG. Se você se preocupa com o que eu vou achar é porque você se importa mais com o que os outros pensam do que com o que você pensa.
Não quero dizer que você não deva preocupar-se com as pessoas, com seu semelhante, mas enquanto você não se sentir equilibrada, sabendo restabelecer sua ordem interior, impossível será integrar-se ao mundo. A sua vida é importante, mas nada vale se você não encontrar um bom motivo para desenvolvê-la.
Os motivos para vivermos são vários, mas existem aqueles que, mesmo timidamente, nos oferecem a grande chance de evolução, de progresso, de intenção, de necessidade, de ânimo, de participação, de sentir-se útil, de sentir-se parte desse grande universo, mesmo que você sinta-se menor que um grão areia. Pensar diferente não é errado. Pensar diferente é fazer a diferença.
Saiba, minha querida Meg, que existe um sincronismo no universo. As pessoas são diferentes, porque cada uma exerce uma função especifica e, portanto, comportam-se de maneiras diversas. Então, o que eu penso pode não ser importante para você, como também pode ser. Por outro lado, sua opinião, mesmo que seja contrária ao mundo, será sempre sua e não há modêlos exclusivos para vivermos. A cada um uma consciência, ainda que comparada à coletividade.
- Será que agora você pode responder minhas perguntas?
MEG:
- Ok, Mestre, vamos então por parte.
A sua primeira pergunta foi em que creio, pois bem: Acho que somos frutos de uma criação divina. Não somos uma acaso nem um ocaso. Possuímos um princípio, um meio, mas nunca um fim.
Deus não criou o homem para nascer, crescer, sofrer e morrer. Isso não! Deus criou o homem para que ele animasse todo o orbe e retornasse ao seu princípio como forma sagrada e como energia impulsionadora do universo responsável pelo sincronismo perfeito da natureza. Tudo gira! Esse girar representa um circulo, uma roda, algo que rola com facilidade para vários lugares sem pouso certo, mas para um fim que dá início e o reinício, até que possamos ser grandes no saber para integrarmo-nos ao todo e a tudo.
MESTRE:
- E a segunda pergunta foi: O que a vida representa para você e o que você deseja dela?
MEG:
- Mestre, a vida é uma dádiva e desejo saber viver errando e acertando, a fim de me tornar uma pessoa melhor, mesmo que em mundos outros que não seja este em que vivo. Creio que na Casa do Pai existem várias moradas.
MESTRE:
- Muito bem, minha querida, não há nada que fique sem resposta quando as pessoas tentam encontrá-la. Quando lhe mandei que pegasse uma pedra quis lhe dizer que tudo que é feito pelas mãos do homem tem a energia do homem, mas a pedra da rua, aquela que parece areia condensada, foi feita pelo criador do mundo e nela está contida a energia suprema de Deus.
Quando pensamos que temos problemas, devemos segurar as pedras do nosso caminho, sabendo que elas são desvios que Deus coloca em nossa frente para nos indicar direções melhores.
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Assim, fui seguindo meu caminho. Firmei meu olhar no horizonte e tentei descobrir onde seria aquele lugar, tão perto e tão distante do sol. Belo ocaso... Os raios solares pareciam despedir-se das águas. Era um tremeluzir nas ondas que sorriam e pulavam de encontro à praia, molhando meus pés descalços, descobertos, mas com o corpo mais leve.
Passeavam por minha cabeça pensamentos fortes, em direção sul onde, com toda certeza, encontraria a casa do sol e tudo, a partir daquele momento, seria pleno de claridade.
Agradeci e abracei o querido Mestre e voltei meu olhar para aquele momento em que a natureza feliz aplaudia o entardecer e seus aplausos sopravam um vento leve que fazia meus cabelos acariciarem meu rosto.